O SOL EXISTE!...

O sol nem sempre brilha mas ... EXISTE!!!... =)

quinta-feira, junho 11, 2009

Moçambique

"Os paraísos servem-nos para esquecer que o resto do mundo existe ou para nos lembrar que o mundo pode ser um lugar melhor?
Depois de uma semana em Moçambique, onde visitei Maputo e as belas ilhas do Bazaruto e de Santa Carolina, regressei de África com a sensação de ter visitado uma outra face da terra.
Por mais filmes que se vejam, mais livros que se leiam, por mais documentários e notícias que nos passem debaixo dos olhos, África só pode ser absorvida, entendida e sentida in loco, com as suas cores e os seus cheiros, a sua beleza e a sua miséria, a sua música e a sua magia, a sua imensidão e as suas gentes.
Foi preciso ir a África para finalmente perceber a nostalgia incurável, qual malária do coração, dos que lá nasceram, cresceram ou viveram, e que a descolonização obrigou a uma partida forçada.
O que mais me tocou em Moçambique foi o povo moçambicano: educado, afável, tranquilo, feliz.
Apesar da miséria, apesar da fome, apesar das doenças, apesar de tudo.
África é um continente sem filtro; tudo se vive à flor da pele e em carne viva.
E tudo é brutal, seja o belo ou o horrendo.
Mas os moçambicanos possuem uma doçura que deve ser só deles e que me conquistou para sempre.
Viajei para lá contente e regressei feliz.
Fui leve e voltei ainda mais leve.

À parte do clássico episódio da intoxicação alimentar, tive uma viagem de sonho, não só pela beleza de tudo o que vi, pela forma como fui tratada.
Os empregados do Pestana Lodge no Bazaruto já sabiam o meu nome desde o segundo dia e quando foi preciso tratar da maleita, fizeram-me canja, maçã cozida e não descansaram enquanto não me viram outra vez com cores na cara.
Ora este tipo de atenção não está incluído naquilo a que chamamos serviço de luxo. Um calor genuíno fez-me pensar como nos relacionamos com os outros, independentemente daquilo que eles nos possam dar em troca.
Uma atitude generosa gera quase sempre generosidade do outro lado.
A paz puxa a paz, a bonomia puxa a bonomia, a empatia gera empatia.
Não sei quando voltarei a África nem sequer se o que lá vivi perdurará na minha existência, mas tenho a certeza de que aprendi mais do que penso, de que vi mais do que acredito ter visto e de que guardei mais do que agora me lembro.
O que eu sei é que me ficou na pele aquela forma de ser e de estar moçambicana, os sorrisos que dão a volta à cara toda, as músicas entoadas nas carrinhas de caixa aberta que atravessam a cidade ao fim-de-semana com dezenas de homens e mulheres a caminho de um casamento, a alegria natural e espontânea que nunca pode ser fingida nem fabricada.

Há muito amor em Moçambique.
Muito amor e muito prazer, apesar da fome, apesar da miséria, apesar de tudo."
MARGARIDA REBELO PINTO - "O SOL"

sexta-feira, junho 05, 2009

"Cada pessoa, durante a sua existência, pode ter duas atitudes: Construir ou Plantar.
Os construtores podem demorar anos nas suas tarefas, mas um dia terminam aquilo que andaram a fazer. Então param, e ficam limitados pelas suas próprias paredes. A vida perde o sentido quando a construção acaba.
Mas existem os que plantam. Estes, às vezes, sofrem com as tempestades, as estações, e raramente descansam. Mas, ao contrário de um edifício, o jardim nunca pára de crescer. E, ao mesmo tempo que exige a atenção do jardineiro, também permite que, para ele, a vida seja uma grande aventura.
Os jardineiros reconhecer-se-ão entre si - porquesabem que na história de cada planta está o crescimento de toda a Terra."