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domingo, maio 18, 2008

Ricardo Araújo Pereira e o IKEA!!!

"Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos. O que digo é que não são móveis. Na altura em que os compramos, são um puzzle. A questão, portanto, é saber se o IKEA vende móveis baratos ou puzzles caros

Os problemas dos clientes do IKEA começam no nome da loja. Diz-se «Iqueia» ou «I quê à»? E é «o» IKEA ou «a» IKEA»? São ambiguidades que me deixam indisposto. Não saber a pronúncia correcta do nome da loja em que me encontro inquieta-me. E desconhecer o género a que pertence gera em mim uma insegurança que me inferioriza perante os funcionários. Receio que eles percebam, pelo meu comportamento, que julgo estar no «I quê à», quando, para eles, é evidente que estou na «Iqueia».


As dificuldades, porém, não são apenas semânticas mas também conceptuais.
Toda a gente está convencida de que o IKEA vende móveis baratos, o que não é exactamente verdadeiro.
O IKEA vende pilhas de tábuas e molhos de parafusos que, se tudo correr bem e Deus ajudar, depois de algum esforço hão-de transformar-se em móveis baratos. É uma espécie de Lego para adultos.
Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos.
O que digo é que não são móveis.
Na altura em que os compramos, são um puzzle.
A questão, portanto, é saber se o IKEA vende móveis baratos ou puzzles caros.
Há dias, comprei no IKEA um móvel chamado Besta.
Achei que combinava bem com a minha personalidade.
Todo o material de que eu precisava e que tinha de levar até à caixa de pagamento pesava seiscentos quilos.
Percebi melhor o nome do móvel.
É preciso vir ao IKEA com uma besta de carga para carregar a tralha toda até à registadora.
Este é um dos meus conselhos aos clientes do IKEA: não vá para lá sem duas ou três mulas.
Eu alombei com a meia tonelada.
O que poupei nos móveis, gastei no ortopedista.
Neste momento, tenho doze estantes e três hérnias.
É claro que há aspectos positivos: as tábuas já vêm cortadas, o que é melhor do que nada.
O IKEA não obriga os clientes a irem para a floresta cortar as árvores, embora por vezes se sinta que não faltará muito para que isso aconteça.
Num futuro próximo, é possível que, ao comprar um móvel, o cliente receba um machado, um serrote e um mapa de determinado bosque na Suécia onde o IKEA tem dois ou três carvalhos debaixo de olho que considera terem potencial para se transformarem numa mesa-de-cabeceira engraçada.
Por outro lado, há problemas de solução difícil.
Os móveis que comprei chegaram a casa em duas vezes.
A equipa que trouxe a primeira parte já não estava lá para montar a segunda, e a equipa que trouxe a segunda recusou-se a mexer no trabalho que tinha sido iniciado pela primeira.

Resultado: o cliente pagou dois transportes e duas montagens e ficou com um móvel incompleto.
Se fosse um cliente qualquer, eu não me importaria. Mas como sou eu, aborrece-me um bocadinho.
Numa loja que vende tudo às peças (que, por acaso, até encaixam bem umas nas outras) acaba por ser irónico que o serviço de transporte não encaixe bem no serviço de montagem. Idiossincrasias do comércio moderno.
Que fazer, então?
Cada cliente terá o seu modo de reagir.
O meu é este: para a próxima, pago com um cheque todo cortado aos bocadinhos e junto um rolo de fita gomada e um livro de instruções.
Entrego metade dos confetti num dia e a outra metade no outro.
E os suecos que montem tudo, se quiserem receber."

3 Comments:

Blogger Sara said...

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

Legos para adultos.. é que é mesmo isso :)

18 maio, 2008 14:37  
Blogger Helena Velho said...

e para disfrutar ainda mais destas maravilhas:
experimenta almoçar no bar( do IKEA)!!!
Mas , depois não me peças o nº de telefone do meu médico! :)

18 maio, 2008 22:17  
Anonymous Anónimo said...

Adorei:)
Nunca comprei lá moveis, mas depois de ler, vou pensar duas vezes antes de comprar.
G---

19 maio, 2008 11:08  

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